domingo, 29 de junho de 2014

NÃO FALE COM ESTRANHOS- DIAS PERFEITOS, RAPHAEL MONTES

Téo estuda Medicina e é um rapaz totalmente fora dos padrões : Garante que não vê importância no amor e nutre um mínimo de carinho apenas por Gertrudes, que o ouve atentamente sempre que precisa. Quem é ela? Um cadáver usado nas aulas de anatomia.
 Mora com a mãe cadeirante, Patrícia de quem cuida não por amor, mas por ser algo que se espera de um filho. E muda de rumo no dia em que conhece Clarice em um churrasco ao qual foi levado a contragosto.
Espontânea e amigável, ela é estudante de cinema ,está trabalhando no roteiro de um filme chamado Dias perfeitos  e o conquista de cara. O problema é que Téo é uma mistura de inocência bizarra e inadequação, uma bomba relógio prestes a explodir.
Obcecado, começa a segui-la, com atitudes que ao lermos nos deixam de boca aberta. Se aproxima dela e quando é rejeitado a sequestra e a esconde em uma mala( você leu direito) e a carrega para um hotel para que termine seu roteiro. Em sua mente ele precisa mostrar o quanto a ama. E fará isso de qualquer maneira.
Raphael Montes em seu segundo livro destrincha a alma doente de um apaixonado que justifica todas as suas atitudes desprezíveis como sendo por amor.Violento, cru  é um livro que te sequestra a cada página. E não te liberta até o final seco, imprevisível, sem firulas, perfeito para uma estória bem amarrada e cheia de surpresas. Ah, e com uma pequena referência ao enredo de seu primeiro romance, Suicidas ( que ainda não li , mas está a caminho), que para mim foi uma sacada genial.
Talvez eu conheça um Téo, talvez você conheça. Espero que não.
                                                                                                     D.SConsiglio

AMOR PRA RECOMEÇAR

Era isso o que eu queria:seu ombros para apoiar minha cabeça, suas mãos a me acarinhar os cabelos e a vontade de tempo eterno, de horas que se recusem a passar.
Adivinho do meu amor, você me acolhe nos braços que se definem proteção, e nos  convida sem perceber a trazer o mundo bem perto da gente,nossa toda particular recompensa por acreditarmos  que tudo mudaria para melhor.
 Nos tornamos o delicioso,o perfumado, o incrivel.Atrevi-me quando arriscar era algo impensável, amei e amo sem lembrar dos tempos em que apenas a paixão inconsequente poderia ser possível.
O que mais eu posso querer?
            D.SConsiglio

NOSSO TIME, MINHA HISTÓRIA.

Quando o Palmeiras foi rebaixado pela primeira vez e me perguntaram se eu não pensava em mudar de time respondi sem pestanejar:
- Você já pensou em mudar de família?
Parece exagero mas não é: Sou a caçula e única filha entre dois irmãos e pensar em nosso time de futebol é definir nossa extensão como família: Desde o hino alviverde cantado após os Parabéns a você nos aniversários, até a foto pregada na geladeira em que estamos vestindo nossas camisetas do Palmeiras, me sinto confortada com nosso pequeno território  futebolístico. É nosso e ninguém tasca, seja na série A, B ou C.
  Vivi, minha amiga e muito mais palmeirense que eu, me convidou inúmeras vezes  a conhecer a casa do nosso time: Foram vários domingos a recusar, até que deixei o receio de lado , pus minha calça jeans mais surrada, arrumei minha bolsa com um moletom para o caso de esfriar e o peito com o orgulho por finalmente poder dizer: Eu já estive no Parque Antártica.
Má, meu irmão do meio me aconselhou:
- Não vá de salto, e amarra uma blusa na cintura.
 Alê,o mais velho, pediu:
-Vai com cuidado.
E os dois concordaram:
- Você vai amar.
Não precisei da blusa, o sol estava a mil, mas se eu pudesse teria levado um coração de reserva: Enquanto subia as escadas para as arquibancadas  sentia as batidas do meu na boca. Ainda perguntei para a  Vivi se era normal. Ela riu
 Inocência a minha.
O Petkovic bem que tentou com seus dois gols estragar a adrenalina que me deixou rouca e com as pernas doloridas de tanto pular. Desculpe, Pet, mas a sensação ao sair do estádio,com as mãos sujas de pipoca doce, o cabelo bagunçado e o rosto vermelho por causa do sol(sim, esqueci o protetor solar)era de catarse total.Se a derrota do Palmeiras havia sido dentro de campo,fora dele eu me sentia uma vitoriosa.
Minha mãe estranhou tanta alegria quando cheguei em casa, já que os cariocas haviam nos vencido por 2X0, mas na verdade eu não me importava; eu perdoaria fácil o meu Verdão só pelo prazer de tê-los visto jogar.
Na minha lista de primeiras vezes inesquecíveis conhecer o antigo estádio do meu time ocupa um dos primeiros lugares. Aquele tipo de programa em que você esquece a vaidade, paqueras possíveis e só tem olhos para o campo e ouvidos para a própria emoção. Minha linda Vivi marcou um golaço pela nossa amizade ao me proporcionar um daqueles domingos para ficar na história.              
                                                                         D.SConsiglio










sexta-feira, 27 de junho de 2014

O CARA QUE EU QUERIA SER

O cara que eu queria ser entrou na minha vida há exatamente 13 anos, no Natal de 2001 e me fez ter vontade de ter trinta anos antes de eu ter chegado aos vinte e cinco. E olha, também foi professor de Inglês.
 O livro que me apresentou ao cara que eu queria ser virou um dos meus filmes favoritos. O cara que eu queria ser agora está com 57 anos e já me despertou até uma certa paixão pelo Arsenal, seu time do coração.
 Lembro que quando li a sinopse de Alta fidelidade, caí de amores imediatamente pelo Nick Hornby: Uma ótima história, um protagonista às voltas com aquelas mancadas que todo mundo comete
e música, muita música. Não tinha como não dar certo.
Depois vieram Um grande garoto, Como ser legal , Uma longa queda,Slam, Juliete Nua e Crua e os de não-ficção Febre de Bola( que narra a sua relação de amor com o Arsenal) e 31 canções. Estão todos no meu armário de livros, assinados e bem guardados. Não dou, não vendo, não empresto.
 Os personagens de Nick têm em comum manias e personalidades que todos reconhecemos em nós mesmos e em quem amamos. Os diálogos são cortantes, rápidos e cheios de humor, gente como a gente fazendo coisas que se nunca fizemos, um dia elas acontecerão, pode ter certeza.
Seu trabalho é pautado por outra paixão além da música, o esporte. Quando ganhei o 31 canções, uma compilação de textos escritos por ele sobre suas canções favoritas me peguei admirando-o ainda mais por saber da história de seu filho que nasceu com autismo, em 1993. Uma parte linda de sua vida que envolve a música I´m like a bird, da Nelly Furtado.Curioso?:)
  E Febre de Bola , ao contrário do que eu imaginava não é nem de longe um livro maçante; ele me serviu até de base para um texto sobre a violência nos estádios, é emocionante, triste, envolvente. Para quem gosta de futebol,  imperdível.
 E de todas as adaptações feitas de seus livros para o cinema a minha de longe favorita é a dirigida por Stephen Frears, de Alta Fidelidade, com John Cusack no papel principal e  Jack Black dando um show, só para citar dois nomes do elenco sensacional.
 Agora estou em prantos tentando assistir a recém lançada de Uma longa Queda, com Pierce Brosnan e Toni Collete ( não existe atriz melhor para incorporar as personagens femininas de Nick)
 Uma das falas de Rob , protagonista de Alta Fidelidade é " Livros, discos e filmes, essas coisas importam de verdade". O cara que eu queria ser e que admiro mais que qualquer famosa bonitona definitivamente sabe das coisas
                                                                             D.SConsiglio

terça-feira, 24 de junho de 2014

CIDADES DE PAPEL E O DIA EM QUE CONHECI JOHN GREEN

  Hey, queridos, ótima terça.
Confesso que comecei a ler A culpa é das estrelas e parei na página 30. Fiquei comovida, incomodada e desisti do livro. Talvez ainda o retome, quando tomar coragem
Mas aí a minha aluna, fã do John Green me emprestou Cidades de Papel e ao contrário dos " Ih, é o mais fraco" " Ah, a Margo é uma mala" acabei o livro em uma semana, em meio a risadas e uma sensação deliciosa.
  E sim, Margo Roth Spielgman, a vizinha e paixão platônica desde sempre do Quentin Jacobsen é um pouco mala. Em uma noite ela, a personificação da menina descolada e cheia de amigos aparece na janela do rapaz e o leva para uma noite de vinganças. Deixa em Quentin uma sensação de ter vivido as horas mais divertidas de sua vida... E some no dia seguinte.
 Mas os sumiços de Margo são famosos e ninguém, a não ser Quentin dá bola. Acompanhado de seus amigos Radar e Ben e Lacey ( aqueles coadjuvantes essenciais, responsáveis pelas melhores tiradas) começa a seguir as pistas que julga, Margo deixou para ele.
  Cidades de Papel é um livro sobre como idealizamos as pessoas que consideramos perfeitas: Ao seguir as pistas de Margo, Quentin começa a desvenda-la e vê-la com novos olhos. Uma das passagens que mais gostei no livro é a conversa que ele tem com Radar sobre como precisamos entender que as pessoas podem ser maravilhosas mesmo com defeitos
insuportáveis.
Cheio de referências pop  e uma narração leve é um livro jovem e cheio de frescor. Foi com ele que também fui tocada pela escrita de Mr. Green.
                                                                              D.SConsiglio

segunda-feira, 23 de junho de 2014

PEQUENOS MILAGRES.

Hey, queridos !
 Há exatamente dois anos nascia minha sobrinha mais nova,Marcela.Uma pequena guerreira que ao vir ao mundo com muita pressa ( sete meses) teve que lutar pela vida e o fez com muita garra e graça. Sábado foi sua festa de aniversário e corujices de tia à parte foi de emocionar sua alegria ao cantar parabéns.
 Na minha página do face escrevi há algumas semanas  uma pequena crônica sobre nossos milagres diários, que muitas vezes nos recusamos a ver. Marcela é um dos nossos e por ela somos muito mais felizes. Espero que gostem.

                                                         PRA GENTE SER MILAGRE

Ser tia é ter um amor de outra intensidade, carinho inimaginável que se renova todos os dias. Depois de três grandes presentes, meu sobrinho e duas sobrinhas lindos e mais que amados (  que levo tatuados na pele), eis que nasceu a nossa caçula, por quem me apaixonei desde o primeiro momento, indefesa naquela UTI ,mas com a força de um gigante, sedenta pela vida que conquistou e pela primeira infância que vive agora,tão querida, amada,tão nossa.
Hoje enquanto corre comigo pelo corredor ela gargalha alto quando digo que vai ganhar de mim. Tão pequena,  veio ao mundo com força, garra, luta. E abriu nossos olhos para uma vida que não sabíamos que estava aqui,sem as exigências diárias que fazemos a nós mesmos e  aos outros.
Somos mimados, queremos demais, exigimos arroubos de amor, paixões quentes, empregos maravilhosos e chefes exemplares. Comparamos  o carro do colega ou a casa da amiga muitas vezes com aquela sensação de que não evoluímos, que andamos com uma etiqueta escrita PERDEDOR na nossa testa. Olhamos para tanto, enxergamos tão pouco.
 Enxergo muito mais do mundo em que vivo, das bênçãos que me cercam sempre que ela me presenteia com seu sorriso, sua voz doce. Após seu nascimento aprendi que milagres estão ao nosso lado todos os dias. E como podemos ser ingratos ao deixá-los de lado, abandonados só porque não correspondem as nossas expectativas.
Minha sobrinha  mudou a minha vida com a luta que travou contra as dificuldades dos seus primeiros meses. Foi esperando que ela resistisse à batalha que foi seu nascimento que aprendi o valor da verdadeira fé, da esperança que não se abate pelo medo, a levar comigo a certeza de que para quem acredita não existe cotidiano sem milagre. Está aqui, pertinho, juntinho de você. Só não vê quem não quer.
                                                                         D.SConsiglio

domingo, 22 de junho de 2014

PRAZERES CULPADOS? ONDE? ONDE? SUSHI, MARIAN KEYES

Hey, queridos!!

Adoro manter parte dos meus livros em cima de uma mesa ao lado da minha cama e agora ao arrumá-los me peguei rindo segurando um exemplar do Sushi, da irlandesa Marian Keyes.
Uma amiga minha, nos seus 20 e pouquíssimos anos me disse que não tem paciência com os livros da Marian. Venho aqui confessar um pecadinho: Esse foi o terceiro dela que comprei :) Os primeiros foram Melancia e Férias, nos quais ela conta a história de duas irmãs vindas da mesma numerosa  e doida família irlandesa.
Sushi é um livro sobre a busca pela felicidade que pode vir cedo demais, sem que a valorizemos como deveríamos ou tarde demais, quando a gente menos espera. As histórias de Lisa, Ashley e Clodagh se cruzam em uma Dublin que é cenário recorrente dos romances da autora. Lisa,uma durona e sofisticada editora de revistas é transferida para um novo emprego que nada tem de fabuloso. Ashley é a típica boa menina : ansiosa, o tempo todo disposta a ajudar e Clodagh é a princesa a quem a felicidade sempre sorriu.( e que parece estar mergulhada em uma eterna insatisfação , em passagens que podem te deixar com raiva)
Confesso que em algumas partes fiquei um pouco irritada com certos clichês, mas Sushi é Marian na sua melhor forma: Leve, divertida, faz o tempo passar de uma forma gostosa. Em tempos de discussão sobre as qualidades de autores bestsellers é daquele livro um pouco  prazer culpado , que as pessoas podem olhar meio torto, mas que distrai que é uma maravilha. Longa vida a essa querida irlandesa!

QUANDO A VIDA INSPIRA.

Uma grande amiga passou por uma situação complicada de saúde há dois meses atrás. Lutou bravamente, como a grande guerreira que é e hoje está se recuperando, cuidada por sua família e amigos de longa data que a amam muito. ( Eu não tenho visitado-a porque peguei uma gripe chatérrima e minha voz de pato não está me permitindo). Quando ela saiu do hospital contou-nos uma história linda sobre si mesma e seu marido. Fiquei com ela o dia todo na cabeça e me inspirei a escrever esse pequeno conto. ( É bom escrever com tanta inspiração diária, não é?)

                                                     
O AMOR QUE CURA

A enfermeira acaba de fechar a porta e aqui estamos nós: Eu, você e o pequeno grande filme da nossa vida. Você está tão serena que me é difícil acreditar que  dois dias atrás vivemos nossos momentos mais terríveis.
Te  vejo dormir ao meu lado há mais de vinte anos e hoje você está mais linda do que nunca : não parece nada frágil depois da cirurgia a qual pessoas que não te conhecem disseram que você não sobreviveria. Eu te conheço muito bem e mesmo sentindo o maior medo da minha vida nunca duvidei da sua força. Minha guerreira resistiria.
E como sempre você não decepcionou a sim mesma, deu a sua gargalhada maravilhosa para o pessimismo e já saiu da sala de cirurgia com os olhos abertos.Meus olhos queridos, a janela da minha alma.
Agora sinto novamente o coração no peito, o pensamento voltando ao lugar, a respiração ao ritmo normal e rio sozinho ao lembrar  do seu rosto quando me viu pela janela da sala pré- cirúrgica. Eu estava sem ar, mas jamais demonstraria. Só queria te mostrar que eu estava ali. Que sempre estarei aqui.
Suas mãos estão quentes como na primeira vez em que as segurei , louco de ansiedade para te beijar. Aquele foi o começo da nossa história cheia de alegria, dificuldades e batalhas gigantescas. Você, sempre a fortaleza a me apoiar, a ser o modelo para nossos filhos, enfrentou com graça e racionalidade admiráveis a sua, a nossa maior luta. Não caibo em mim de tanta felicidade.
  Minha mulher voltou e dorme o sono merecido de quem em dois meses viu o próprio mundo  virar do avesso, e agora eu pouco me importo com o incomodo nas costas por causa do sofá minúsculo.Ele não é  nada perto da dor que sentimos quando aqueles médicos não acreditaram em você.
 Queria que eles te vissem  agora.
Prometi  que estaria aqui quando você acordar. Quero  ouvir sua voz alta a me perguntar por que te olho com ar de bobo: Simples, porque a parte que me completa não me foi tirada. E  prepare-se,  agora a nossa história será reescrita com um personagem mais que principal : O dia em que ao vencermos a sua doença, vivemos de novo para a nossa eternidade.
                                               D.SConsiglio

SEJAM BEM VINDOS!

SEJAM BEM VINDOS, MEUS QUERIDOS!

 Eu e meu namorado adoramos  passeios no shopping regados a café e passadinhas na livraria mais próxima. Hoje depois de um daqueles cappucinos enormes que deixam nossa noite mais feliz e a compra pela primeira vez de um Carlos Drummond de Andrade cheguei em casa com um poeminha na cabeça. Aqui está ele, espero que gostem :

( detalhe para o casal da foto, hehehehe)

                                                 
DEIXE-ME CHORAR.

Não justificarei meus lábios trêmulos e os olhos vermelhos;
E nem pedirei desculpas pelo que você sempre julgou exagero, falta de postura.
Ah, se nossos passos mal sincronizados tivessem se encontrado,
 E a direção do seu olhar fosse a mesma da minha
Se você tivesse se cansado de me fazer esperar
Por um amor que não viria
Talvez eu não precisasse gastar
Palavras que mesmo para mim soam tão mesquinhas
Deixe-me chorar
Por todo o tempo que me anulei
Achando que isso, ledo engano
Era sinônimo de força
Deixe-me falar
Pelos dias em que me culpei pelo amor que não despertei em você
Não fuja, por favor
Abra seus ouvidos, já que trancou para mim seu coração
Paciência, é só o que te peço
E apenas dois minutos, não é muito
Deixe-me de novo
 Voltar à mim.
                                                                         D.SConsiglio